Perguntas

O texto abaixo é para ser lido com pausas e o máximo de interação possível para que ele alcance seu objetivo:

Do que você sente saudade?

De pessoas que se foram?

De lugares que você esteve?

Do cheiro, sabor ou tato de alguma coisa que você provou?

De amores que foram interrompidos?

De uma canção que você gostava de ouvir?

Consegue se lembrar do que fazia seus olhos brilharem?

E daquele frio na barriga que te fazia perder o controle das pernas? Há quanto tempo não sente mais?

Você tem sorrido nos seus dias? Ainda se lembra de como o seu rosto fica quando está sorrindo?

A vida tem passado diante de você sem provocar alguma reação da sua parte ou você tem conseguido interagir bem com ela?

Ainda se olha no espelho com calma ou isso lhe causa angústia? As mudanças no seu corpo te assustam? Afinal elas te lembram de que o tempo não para né?!

Por acaso você se sente um pouco perdido?

A pessoa que você é hoje te deixa feliz?

Você já sentiu que a vida vai nos levando para lugares tão distantes dos nossos planos, que podemos ficar perdidos pelo caminho? Um exemplo disso é quando nos deparamos com a “morte”. Perder alguém que amamos é Foda! Se tem algo difícil de lidar é o luto! É como se tudo perdesse o sentido, é assustador, deixa um vazio grande demais! É como estar no espaço e ser engolido por um buraco negro.

A cada luto que enfrentamos o desafio é superá-lo e seguir em frente, se reencontrar.

E como pode ser difícil se achar às vezes...

Você se lembra da brincadeira de pique-esconde? Se a gente se escondesse muito bem ninguém conseguia nos encontrar, por esse motivo, em algum momento você precisava sair por conta própria do esconderijo, caso contrário continuaria escondido por tempo indeterminado.

Já conseguiu sair do seu esconderijo hoje? Não? Tenta aí agora então! Vou esperar aqui...

 

Falando de brincadeiras infantis, qual era sua brincadeira favorita?

Quando eu era criança queria muito ter uma casinha que me coubesse dentro dela pra brincar, tipo aquelas casas na árvore sabe? Por algum motivo eu gostava de brincar sozinha pra me acalmar. Minha mãe fez uma pra mim com algumas madeiras velhas; as paredes de madeira eram apoiadas numa cerca de arame e a outra em uma das paredes da nossa casa, tinha até telhado e porta, aquele lugar era o meu refúgio; ali eu criava muitas histórias, mundos imaginários, eu podia ser o que eu quisesse ser. Engraçado que me pego voltando para lá diversas vezes para me recompor e respirar melhor quando as coisas ficam pesadas demais. Aquela casinha é como se fosse minha máquina do tempo particular.

Você também tem sua forma particular de voltar no tempo?

 

Espero que esse texto tenha sido uma boa companhia pra você! Tomara que você se lembre sempre de quem você é...

Perguntas são necessárias, mas como você consegue respondê-las é mais importante ainda!







Nem início nem fim, apenas os ciclos da vida

 A vida e seus ciclos... começo e fim...  ciclos se encerram de várias formas, alguns deles com a morte, é sobre isso que quero falar um pouco hoje. Perdi minha mãe dia dezoito de janeiro de 2023, quero registrar aqui um breve resumo da história dessa incrível mulher, para que, algumas pessoas que não tiveram o privilégio de conhecer, possam experimentar uma gotinha do que ela foi.

Seu nome era Judite, nasceu no ano de 1929 no interior de Minas Gerais e acabara de completar seus noventa e três anos no dia vinte e nove de dezembro. Foi mãe de dez filhos e experimentou a dor de perder dois desses. Na infância teve a oportunidade de estudar só os primeiros anos, onde aprendeu a ler, escrever e um pouquinho de matemática, lia de "carreirinha" como ela costumava contar. Mas as dificuldades não foram empecilhos para que ela se tornasse a mulher mais sábia que já conheci.

Se casou e os filhos começaram a chegar, junto com eles as dificuldades. Meu pai não era um homem fácil de lidar, como era bem comum naqueles tempos, o que o levaram a ter alguns problemas com a justiça e se ausentar. Por causa disso minha mãe se viu obrigada a se mudar sozinha para Belo Horizonte a procura de emprego e por esse motivo teve que se separar dos meus irmãos por um tempo, deixando cada um em casas diferentes de parentes . Conseguiu emprego no Estado como Auxiliar de serviços gerais, juntou uma pequena quantia, comprou um lote e construiu um pequeno barraco. Reuniu a família novamente e depois de alguns anos meu pai acabou retornando... e foi aí que eu nasci (um bom resultado diga-se de passagem).

Ela era daquelas mulheres que parecem estar ligadas no 220. Não parava, trabalhava fora, trabalhava em casa, cuidava de todo mundo, o tempo todo. A comida era pouca mas ela sabia como manejar isso de uma forma muito criativa. Deixava tudo com um gosto bom, até um simples feijão com farinha que ela enrolava nas mãos e fazia uns bolinhos dividindo com a gente, transformava em um prato especial. Seu trabalho era limpar escolas e fazer merendas, o que me deixava muito orgulhosa, eu achava que minha mãe era uma heroína que deixava a escola um lugar melhor pra todo mundo. Na minha cabeça  ela era a mulher mais forte do mundo! Ela sabia fazer tudo! E tinha uma energia incrível!

Os anos se passaram, a idade foi avançando, as forças se esvaindo. Era estranho não vê-la mais se pendurando nas coisas pra arrumar, resolver tudo, trocar o varal de lugar (ela adorava isso). Nós tínhamos as nossas tarefas mas o principal era sempre com ela. Foi difícil pra ela ter que começar a receber ajuda pra tudo (ficava brava com isso). Mas eu entendo: como alguém que só sabia servir iria aprender a ser servida agora? Como alguém que não conseguia ficar um minuto parada teria que aprender para acompanhar o que o corpo estava exigindo? A teimosia custou caro pra ela com alguns ossos quebrados devido aos tombos, mas ela continuava insistindo.

Mais alguns anos se passaram e agora a mente começa a pregar peças, as memórias se misturam, realidade com fantasia. Um processo doloroso onde histórias importantes se perdem, onde os nomes de pessoas que ela amava vão se confundindo, onde a repetição de "causos" ficam exaustivas...

Mas ela ainda estava lá... em algum lugar... por algum tempo ela se lembrava de tudo... depois ela se ia novamente... até que o cansaço venceu e ela se foi de vez, em casa, onde ela queria estar, rodeada pelas pessoas que ela mais amava, dia dezoito de janeiro de 2023 por volta das dezenove horas.

No dia seguinte enquanto aguardávamos o velório que seria na parte da tarde, minha irmã resolveu separar as roupas para doação, pois, ficar vendo as coisas dela ali era muito doloroso. Enquanto separava algumas roupas eu voltei no tempo e me vi criança, agarrada com uma peça de roupa dela, eu fazia isso todos os dias assim que ela saía pra  trabalhar, eu corria atrás dela na rua, ficava gritando e repetindo: tchau mãe, "bença" mãe, com Deus mãe (detalhe, eu fazia isso chorando) não sei como ela aguentava aquilo, coitada! Depois eu voltava pra casa, pegava uma roupa dela e ficava cheirando e chorando por um tempo, até cansar, depois eu ia brincar como se nada tivesse acontecido (eu adorava um drama)

Peguei as roupas que escolhi dela, fui pra casa, agarrei-me a elas e desabei, como aquela criança do passado. Fiquei ali por um tempo, perdida nas lembranças, então, respirei fundo, parei de chorar e lembrei que eu precisava voltar para o mundo real.

Preciso voltar um pouco no passado agora para vocês entenderem o que vou contar sobre o que aconteceu na hora do enterro, algo épico! Minha mãe gostava muito de maritacas (aquele passarinho barulhento que parece com papagaio sabe?) ela teve uma que criou desde pequena que se chamava Mulata, ela amava minha mãe, era muito ligada a ela. Às vezes a Mulata fugia e ia pras árvores mais altas do quintal e só voltava quando minha mãe chegava e chamava por ela. Você deve estar se perguntando, o que isso tem a ver com a história? Pois bem, no momento que o cortejo seguia subindo a colina para chegar no local programado, que diga-se de passagem, muito bonito, começou a trovejar muito alto como se uma tempestade enorme fosse cair, pareciam tambores tocando lá no céu, foi realmente estrondoso.  Na entrada da quadra onde se encontrava o jazigo tinha uma enorme árvore com muitos, mas muitos pássaros cantando em alto e bom som! E adivinhem que pássaros também estavam lá? Sim!!! Maritacas!!! Faziam uma festa! Como se estivessem recepcionando minha mãe! Contando assim parece mentira, mas eu juro, foi assim mesmo!

Pra fechar com chave de ouro, minha tia, irmã de minha mãe, havia colhido pétalas de flores do seu próprio jardim, e delicadamente foi jogando sobre a urna, criando um tapete com tons rosados e lilás que por sinal combinavam com a roupa preferida dela, a qual escolhemos para aquele momento.

Nossa mãe se foi, mas deixou o seu legado, fez diferença na vida de cada pessoa que ela conheceu, tenho certeza disso! Tenho me perguntado: quando  eu me for terei feito essa diferença? Espero que sim! Seria muito triste passar por aqui e perceber que só perdi o meu tempo...

Agora começa um novo ciclo... seria bom poder continuar as nossas vidas tendo sempre  uma trilha com sinais épicos, onde a natureza faça questão de se manifestar, seja com trovões, canto de pássaros, flores perfumando e enfeitando o caminho ou simplesmente uma leve brisa que refresque o nosso rosto e nos dê um novo ânimo quando a jornada parecer muito pesada!

Que o novo comece! E seja muito bem-vindo!

Obrigada por tudo minha rainha, amo você e espero te ver de novo um dia! Enquanto esse dia não chega vou seguindo por aqui tentando praticar o que você nos ensinou... espero realmente ter aprendido!




 






Ventos




A noite estava muito fria, com ventos fortes que pareciam querer congelar a alma e levar consigo os telhados, portas e janelas. 

O sono ia e vinha junto com os ruídos da noite. 

Às 5:00 meu coração acelerou com o barulho do despertador. Levantei meio que sem saber onde estava, fui ao banheiro, liguei o chuveiro que se esforçava para esquentar, lavei os cabelos pra poder acordar de vez. Me vesti e fui juntar o lixo pois era dia de coleta. Conversei um pouco com minhas plantas enquanto limpava o cocô das minhas cachorras que estavam espalhados pelo quintal.

Me despedi dos meus filhos e fui pra casa da minha irmã onde havia combinado de pegar uma carona para hospital pois tinha uma cirurgia agendada.

No caminho para o hospital observei que o vento ainda estava forte e brincava com os galhos das árvores, varria também as muitas folhas que estavam sobre o chão, como se criasse uma bela coreografia onde elas eram levadas para todos os lados, por onde mandava sua imaginação. Essa visão me hipnotizou, havia algo diferente no ar, não sei dizer bem o que era, mas havia uma beleza única que se manifestava diante dos meus olhos como se quisesse me dizer algo.

Cheguei ao hospital e após algum tempo de espera fui informada que a cirurgia estava sendo remarcada pra próxima semana pois o médico havia adoecido. Escutei a notícia com calma e pensei... Tá bom! Talvez não era pra ser hoje! Vai saber...quem sabe era isso que o vento estava tentando me dizer...

Voltei pra casa, retomei o trabalho no artesanato e fui fazer umas bonecas. Gosto de fazer bonecas quando estou mais introspectiva, me ajuda a entrar no meu eixo.

A noite chegou, já tinha uns dias que estava querendo comer comer pão de queijo, aí pensei... Hoje é um bom dia pra comer pão de queijo e encerrar o dia bem!

Agora a noite está tranquila, os ventos cessaram, mas a sua dança ainda continua nos meus pensamentos e espero que embalem os meus sonhos, onde posso sempre ser qualquer um dos personagens desse dia:

Vento... árvore...folhas... caminho!

Te convido a sonhar comigo e ser quem você gostaria de ser...



Despedidas

Se tem algo que nos faz refletir sobre a vida são as enfermidades, é automático, você meio que entra numa máquina do tempo imaginária e começa a se recordar da infância, adolescência e juventude, talvez numa tentativa de recobrar forças, a vitalidade que existia em você antes de adoecer.
Irei passar por uma segunda cirurgia esta semana e isto tem me feito pensar mais nas escolhas que fiz na vida e nas consequências delas. Se tivesse outra chance de reviver será que faria novas escolhas? E como seria o resultado delas? E o futuro? Adianta ficar imaginando muito  o que o futuro me reserva? A verdade é que nem sei se estarei viva amanhã, como aliás nenhum ser humano pode saber. 
Chego a conclusão que o que me resta então é apreciar o dia de HOJE, prestar mais atenção no que eu tenho HOJE, nas coisas e pessoas que me cercam HOJE e tentar fazer o melhor que eu posso HOJE.
Resolvi fazer uma lista do que tenho HOJE, tipo um balanço pessoal e ficou assim:
02 filhos, Pedro e Luiza
02 cadelas, Luna e Maya
01 gata, Banguela
01 aranha, Gertrudes (que teve filhotinho hoje, ainda não escolhi o nome)
07 irmãos, muitos sobrinhos, tios, primos, amigos ( a família é bem grande não tem como citar nomes, mas amo todos vocês).
Bens materias:
Poucos... bem poucos, na verdade só o suficiente para sobreviver, a vantagem é que nem precisarei fazer testamento.
No meu dia a dia procuro fazer coisas que me trazem alegria e uma delas com certeza é ouvir músicas, elas fazem o meu dia ficar bem melhor, aprendo muito com algumas delas. Tem uma do Rubel que se chama Quadro Verde, nela tem uma estrofe que diz assim:
"Eu vou viver enquanto houver um vestígio dos quadros que eu fiz"
Eu fiz muitos quadros (quando digo quadros incluo todo tipo de artesanato que já fiz até o presente momento) sou artesã e sinto que realmente há um pouco de mim em cada peça que criei e como não foram poucas acho que viverei por muito tempo, baseado na teoria desse compositor.
Não quero que este texto fique com um ar fúnebre, afinal as pessoas não gostam muito deste assunto, apesar de  sabermos que todos nós morreremos um dia. Para falar a verdade nunca tive medo da morte, a vida é um ciclo e passaremos por cada fase até completá-lo, de um jeito ou de outro.
Cheguei a conclusão que estou satisfeita com as escolhas que fiz e de quem me tornei através delas. Fazendo o balanço percebi que tenho muito mais do que necessito. Tenho a sorte de ter pessoas que me amam e que me permitem amá-las também.
Quando me for sei que irei deixar muitos vestígios que irão gerar boas lembranças, isto me alegra.
Se por algum motivo você estiver achando que não conseguiu muito na vida aconselho que também faça uma lista, nomeie tudo que está a sua volta, você verá que tem muita coisa, na verdade na maioria dos casos você verá que tem sempre mais do que  precisa para viver, é só prestar  mais atenção. Agradeça o tempo que tiver aqui e lembre-se de deixar bons vestígios, aqueles do tipo que valham a pena serem recordados e que vão provocar sorrisos em quem por aqui ainda ficar.




Muros

Noite fria, o vento sopra lá fora assobiando uma canção como se quisesse me dizer algo. Saio para fora para tentar descobrir o que é, fico em silêncio e percebo o barulho das folhas batendo contra o muro, imagino que tinham a intenção de conseguir despertá-lo, como se estivessem dizendo: "estamos aqui... olhe para nós, deixe essa rigidez de lado e venha dançar conosco!"
Observo essa dança frenética, acompanhada da lua cheia que ilumina tudo ao nosso redor. 
Bela noite! Apesar de muito fria! Me agarro ao cobertor que enrolei em volta do meu corpo e resolvo entrar na dança para me esquentar um pouco. Começo a girar e me vejo dançando com as folhas, giro tanto que chego a ficar tonta e vou de encontro ao muro, ele me segura me impedindo de ir  ao chão. Fico parada ali por alguns instantes com a respiração ofegante e de repente começo a sorrir e agradeço ao muro por ele estar ali.
Percebo então que o vento cessou, as folhas se aquietaram e só restamos eu e o muro, um de frente para o outro, confesso que esperei que ele me dissesse algo em troca, mas ele preferiu ficar calado. Aproveitei esse momento de silêncio pra escutar muita coisa que tenho sentido nesses últimos dias e que compartilho aqui agora com vocês...
Durante toda nossa vida vivemos experências que vão nos transformar na pessoa que somos. Isso faz com que às vezes olhemos para trás e tenhamos dificuldades em acreditar que tomamos certas decisões ou seguimos tal caminho, ou nos envolvemos com algumas pessoas, mas acredite, decisões são tomadas de acordo com as nossas crenças, nossas limitações, nossa consciência naquele momento que estamos vivendo, ou seja, o que somos capazes de fazer ali, então, não se culpe por isso.
Quem nunca acreditou em algo em determinado momento da sua vida e deixou que essa limitação impedisse de agir de modo diferente do que realmente queria? Um exemplo bem idiota, mas que aposto que a maioria já passou por isto: "se seu chinelo ficar virado sua mãe morre!", quem nunca correu para desvirar o chinelo com medo de perder a mãe, levanta o dedo! (na dúvida... rsrs, principalmente que agora a mãe sou eu).
Medos são ensinados de geração em geração, temos uma facilidade enorme em aprendê-los, isso não acontece por maldade, os pais agem assim tentando nos proteger, mas acabam criando traumas, sem perceber o que estão fazendo e assim criamos  um ciclo vicioso.
Brigamos tanto, com tantas pessoas durante nossa caminhada aqui nessa terra, como se estivéssemos em guerra constantemente. Guardamos mágoas idiotas dentro dos nossos corações que só trazem peso e doenças para o nosso corpo. Nessa batalha ficamos procurando achar sempre o culpado de uma situação, quando na verdade, deveríamos entender que temos participação em tudo que acontece.  Diante da morte toda essa podridão perde o sentido, todo o orgulho é imbecil e toda vaidade indispensável, isso chega a ser ridículo, somos ridículos, muito ridículos!  
Temos que aprender que cada pessoa que encontramos nessa caminhada vai agir conosco de acordo com o nível de consciência que ela tem naquele momento específico, com todas as suas limitações e cabe a nós a decisão de permanecer ali ou ir embora. Caso você não tenha força para ir quando precisar, peça ajuda, mas vá!
Há dignidade em aprender com nossos erros, lembre-se disso.
Ainda estou aqui, olhando para o muro. Digo a  ele que é bom não sentir mais raiva e nem mágoa de pessoas com as quais vivi experiências na minha jornada. Hoje entendo que elas fizeram o melhor que elas podiam fazer naquele momento e que de alguma forma foram instrumentos para me ensinar o que eu precisava aprender. Sou grata a cada uma delas.
Volto a sorrir para o muro, apesar dele não poder sorrir de volta por ter suas limitações também, mas percebo que isso não o impediu de estar ali e cumprir o seu papel na minha vida, naquela noite fria, me segurando, quando era isso que eu precisava.
E você... me diga...você sabe do que precisa agora? Nesse exato momento? Que tal ir conversar um pouco com os seus muros? Heim?





Corajosa como uma Maçã

Há alguns meses atrás estive em um sacolão do bairro onde moro para comprar algumas verduras e frutas. Chegando lá, vi uma Maçã muito linda em exposição nas primeiras bancas, parecia com aquelas Maçãs do filme do conto de fadas que crescemos assistindo, me fez até lembrar da famosa cena em que a mocinha come a Maçã enfeitiçada. Foi mais ou menos assim que fiquei ao vê-la, enfeitiçada pela sua beleza e pelo seu brilho. Como era de se esperar levei-a para casa comigo e pelo fato do preço estar um pouco salgado demais ela acabou sendo a única da sua espécie a me acompanhar.
Chegando em casa disse a minha filha que deveria comê-la logo, enquanto ela estava bonita e aparentemente apetitosa, o que não aconteceu naquele dia, nem nos próximos. Quando questionava se ela não a comeria só me respondia:"depois mãe, depois..."
Os dias se passaram, e acabei esquecendo que a Maçã ainda estava lá, acho que pelo motivo dela parecer ter se escondido no fundo da prateleira, na parte inferior, como se estivesse evitando ser encontrada a todo custo e isso acabou funcionando. Ela era uma fruta muito inteligente!
Um mês se passou e ela continuava lá. Como das outras vezes peguei-a para ver se havia murchado, mas para minha surpresa ainda permanecia intacta, fiquei impressionada como ela ainda poderia ter durado tanto tempo e em consideração a sua força não consegui comê-la. Voltou então para a prateleira, agora na parte da frente, para que eu pudesse acompanhá-la com mais frequência e ver quanto tempo ela ainda sobreviveria.
Ela venceu o segundo mês, com um pouco menos de brilho e um pouco mais macia do que antes. Entendi que se ela estava ali, resistindo tanto é porque queria me dizer algo e resolvi esperar mais um pouco.
Entrou no terceiro mês, agora já murchando um pouco e com aparência de cansada. Peguei-a novamente, mas dessa vez sabia que seria nossa despedida, me vi com o coração apertado pela primeira vez por ter que partir uma fruta, nunca havia me apegado tanto assim antes. Decidi que se ela havia resistido tanto tempo merecia continuar existindo e foi aí que finalmente me lembrei que poderia plantar suas sementes e assim teria uma chance de continuar com minha querida amiga da geladeira. Assim o fiz, retirei todas as sementes e plantei numa cesta que havia plantado umas violetas e outras florzinhas pequenas, achei que assim veria mais fácil se ela brotasse.
Os dias se passaram e como estava chuvendo fiquei sem obervar diariamente as plantas, pelo fato de não precisar regá-las. Quando finalmente fui ver, havia nascido uma plantinha diferente próximo ao lugar onde havia colocado as sementes, mas para meu desespero haviam várias lagartinhas pequenas devorando com muita vontade cada folhinha da pequenina plantinha. Fiquei agoniada e arranquei cada lagarta implorando para que elas parassem de destruir minha amiga. Após a sessão de salvamento fiquei conversando com ela por um tempo, implorando para que ela resistisse e continuasse lutando, como sempre fez.
Alguns dias depois ela começou a brotar novamente, três lindas folhinhas nasceram, verdinhas e fortes. Não tenho certeza se é minha amiga Maçã, tentei comparar as folhas com fotos da internet mas ainda estão muito pequenas. Talvez não seja, talvez seja outra plantinha que foi colocada ali por algum pássaro. Talvez não seja a minha Macieira geneticamente falando, mas com certeza é a minha Macieira de coração.
Das lições que ela me ensinou ficaram algumas que preciso compartilhar aqui:
1º Cuide da sua aparência, ela pode te abrir algumas portas e vai dizer muito sobre você também. Quando não estamos muito bem não importamos muito com alguns cuidados básicos em relação ao nosso corpo. Fique atento a isso. 
2º Às vezes vai ser necessário você se afastar um pouco de algumas situações ou de alguém para se manter vivo. Quem sabe até se esconder por um tempo.
3º Não desista, não se entregue facilmente, mesmo quando estiverem querendo te devorar, seja inteligente e use seus recursos disponíveis no momento.
4º Quando não tiver mais jeito e a situação parecer ter chegado ao fim, faça como a semente, descanse o tempo necessário para recuperar as forças, mas não se demore muito, volte e continue crescendo e  lutando contra tudo que tentar destruir você. Em algum momento a situação vai mudar e do nada pode até aparecer alguém disposto a te ajudar a crescer e a  produzir muitas Maçãs ou o fruto que você preferir. Só não desista nunca, ok?!



Para os dias tristes

Tem dias que a tristeza parece  nos escolher para nos fazer companhia. Ela vem de mansinho, nos abraça e temos a impressão que ela não vai  ir mais embora. Hoje foi um desses dias, apesar do sol forte lá fora, estava com a sensação que o céu estava nublado, tudo parecia estar na cor cinza e o vento parecia ter se escondido. A temperatura estava alta me deixando a sensação que pegaria fogo a qualquer momento. O ar me faltava e todo o meu corpo estava pesado. O dia foi longo, daqueles em que todos os problemas resolvem aparecer de uma só vez pra você resolver e seu cérebro simplesmente paralisa e você não consegue ir a lugar algum.
Com certeza esse foi o dia  mais longo do ano, a impressão é que durou 48 horas. Para amenizar essa sensação resolvi tomar um banho, peguei minha toalha na esperança de conseguir recuperar o fôlego que estava escasso o dia todo. Sempre levo o celular para ouvir música enquanto tomo banho, coloquei minha playlist super aleatória  pra tocar enquanto me despia e ela iniciou logo com a música Shallow (A Star Is Born) da Lady Gaga e Bradley Cooper. Desmontei! Liguei o chuveiro e não sabia quem me molhava mais, se ele ou minhas lágrimas. É incrível como chorar debaixo do chuveiro tem um poder libertador. Todo o peso e o cansaço do dia eu deixei ali. É claro que eu repeti a música duas vezes, afinal, chorar com música é muito mais dramático e poderoso.
A sensação que tenho é que o chuveiro é aquele amigo bem íntimo, que sabe que você não está bem e faz o possível pra te ajudar a relaxar, te ouve, te limpa, tira o peso das costas e o melhor, ele nunca conta seus segredos pra ninguém. O que vocês conversam ali, fica ali.
Saí do chuveiro em prantos e ainda levei um tempinho pra parar e pra conseguir me vestir também. Sentei à beira da cama e fiquei olhando para o nada. Resolvi pegar o caderno e escrever um pouco, pra ver se afastava de vez a tristeza que insistia em não ir embora. Pensei em tudo que havia acontecido nos últimos dias, comigo e com todo o país que estava abalado pela tragédia ocorrida em nosso estado, na cidade de Brumadinho. A tristeza é tanta que parece ter contaminado o ar, ficou difícil até pra respirar, impossível não chorar com algo tão terrível, impossível não sentir a dor de um povo que tem sofrido tanto. Até a natureza chora junto.
Nesses momentos tento pensar nos motivos que alegram meu coração e substituir os pensamentos ruins pelos bons. É um exercício complicado, exige esforço e escrever sempre ajuda a melhorar.
Respirei fundo, senti o ar enchendo meus pulmões, segurei a respiração por um tempo maior, só pra perceber ainda mais o seu valor quando voltasse a  respirar normalmente. Agradeci por poder fazer isso.
Percebi que o choro havia cessado e me sentia melhor, olhei em minha volta e não senti mais a tristeza por perto. Parece que ela havia desistido de mim e ido embora. Não sei dizer se ela irá demorar voltar, pois ela sempre volta. O que sei é que meu chuveiro vai estar lá pronto pra me ouvir e me ajudar e meu caderno também, sempre receptivos ao que eu tenho a lhes dizer.
Para enfrentar momentos assim é preciso não se entregar aos pensamentos ruins e reforçar os bons. Pra isso é preciso criar boas lembranças, sempre que possível. Elas te darão força pra mudar o rumo dos dias tristes.
"Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. (Lam 3:21)"


O que eu aprendi com meu fogão

Há uns dois anos meu fogão de seis bocas já não funcionava direito. Começou parando  uma trempe, depois outra e outra, a parte elétrica também estava danificada. Como eu tinha outras prioridades para resolver em casa continuei usando-o mesmo assim, adiando a cada mês o conserto, afinal, eu dizia: três trempes são suficientes para cozinhar e quem precisa de acendimento automático quando se tem fósforos e isqueiros em casa? (na verdade era meu subconsciente dando desculpas por adiar tanto algo que eu já deveria ter resolvido).
Alguns dias atrás o problema se agravou, as trempes que estavam inativas resolveram se rebelar contra mim e começaram a vazar muito gás. Na verdade foi uma forma que elas encontraram para serem ouvidas e atingirem seu objetivo de voltarem a produzir como antes, foram bem cruéis comigo, mas era preciso. Entenderam que eu precisava de um tratamento de choque. O pior é que decidiram fazer isso num domingo na hora do almoço (covardia). A princípio, na minha inocência achei que fosse só um vazamento na mangueira, daí pensei, amanhã compro outra, troco e resolvo isso. Pra minha tristeza não era... fiquei agoniada, mais um dia sem poder cozinhar.
Achei um aplicativo na internet e abri um chamado para receber uma visita do técnico que só aconteceria no dia seguinte. Dormi com fome!
Resumindo a história, o técnico foi no dia seguinte e resolveu o problema com poucos minutos.
O que eu aprendo com isso?
Primeiro: que a procrastinação só aumenta o problema, se eu tivesse resolvido isso logo provavelmente não ficaria três dias sem poder usar o fogão e meu prejuízo financeiro teria sido bem menor.
Segundo: às vezes nos acostumamos tanto com as situações adversas que surgem nas nossas vidas, que vamos adiando e não percebemos os transtornos que elas nos causam. Havia esquecido como era bom ter todas as trempes funcionando perfeitamente, posso economizar tempo fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Eu só precisei ter atitude de entrar no aplicativo e abrir um chamado ( e pagar é claro).
Adiamos muitas coisas na intenção que elas se resolvam sozinhas, mas isso não vai acontecer, nunca! Muito pelo contrário, só pioram, cada vez mais!
Então, bora lá, resolver os problemas que aparecem todos os dias diante da gente, sem empurrar com a barriga (apesar dela estar bem grandinha e facilitar esse processo).
No meu caso, fiz as pazes com meu fogão e em troca ele me permite fazer muitas coisas gostosas, quentinhas e que me deixam muito feliz. Isso te faz lembrar de alguém ou alguma coisa que você precisa resolver hoje e que já está adiando há um bom tempo? Então, resolva! Talvez possa fazer isso através de um aplicativo, como eu fiz, ou melhor ainda, sua simples presença pode ser a solução do seu problema, através de uma palavra, um abraço, ou um caloroso sinto muito,  me perdoe! Faça logo, não se demore, isso só irá agravar o seu prejuízo!



Redescobrindo o prazer

Parecia mais um dia comum, ela se levantou abraçou sua cadela, abriu a porta, subiu as escadas que davam acesso à casa da sua mãe, recebeu um caloroso bom dia e retribuiu com um longo beijo na testa, como era de costume, sentou-se à mesa para tomarem o café, como faziam todos os dias. Voltou para casa se arrumou e foi trabalhar. Ia caminhando mesmo, era perto, a caminhada a ajudava a acabar de despertar.
Iniciou sua jornada, que seria longa, com muitos papéis sobre a mesa para serem analisados e resolvidos. Respirou fundo e começou, já estava acostumada com a rotina e acabava fazendo tudo como se estivesse no automático, agia assim nas outras áreas da sua vida também. Talvez por esse motivo nem percebia quando algo novo aparecia, quando alguém se aproximava com algum interesse, tudo se tornara comum e ninguém conseguia despertar nela sentimento contrário. Havia tido  muitas experiências ruins no passado e preferia evitar contatos físicos, na intenção de se proteger.
Ela nem imaginava, mas aquela tarde seria diferente, algo mudaria totalmente o rumo da sua vida.
Foi durante o intervalo para o café, que era um momento de descontração, como um oásis no deserto, onde se reunia com os amigos para jogarem conversa fora por alguns minutos e rirem uns dos outros. Nem percebeu que há alguns dias já estava sendo observada em silêncio por alguém que estava prestando serviços ali. Durante as brincadeiras houve um momento onde a perguntaram se haveria algum pretendente e se recebia muitos telefonemas, ela disse que normalmente ninguém ligava e foi quando inesperadamente ouviu-o quebrar o silêncio e dizer: "Talvez por você não passar o número" e ele aproveitou o momento para pedi-lo. Ela ficou sem reação, meio que paralisada e acabou sendo socorrida pelo amigo que se prontificou a responder.
O telefone tocou no sábado à noite, era ele convidando-a para um encontro no domingo.
O passeio foi agradável, durou toda a manhã numa bela serra, seguido de uma visita  a uma cachoeira. O tipo de lugar que ela amava, ficou impressionada como ele acertara em cheio. Foi um perfeito cavalheiro, respeitando seus limites e apesar de dizer que queria muito beijá-la, disse que esperaria o tempo que fosse preciso.
Os próximos dias foram de encontros rápidos pelos corredores, com olhares, sorrisos e toques nas mãos discretos.
O fim de semana chegou e com ele uma grande ansiedade para reencontrá-lo. Se arrumou como há muito tempo não fazia, estava bela e esperava que ele notasse. Ele chegou no horário marcado, fez muitos elogios, o que a deixou mais a vontade. O plano era irem ao cinema, mas não deu muito certo e acabaram só caminhando pelo Shopping mesmo, onde comeram algo e conversaram bastante. Em meio a conversa surge o primeiro beijo, tímido, como alguém que só quer deixar um recado de que tem muito mais para oferecer. Foram embora e na despedida ele tomou coragem, puxou-a para junto de si, beijando-a várias vezes com uma intensidade que a fez perder o fôlego. Ela saiu do carro meio sem rumo, com as pernas bambas, estava com dificuldades até para abrir o portão. Ela não conseguiu dormir naquela noite!
Nos dias que se seguiram conversaram bastante por telefone, estava ansiosa para reencontrá-lo , mas insegura, pois sabia o que aconteceria quando se vissem, era inevitável e apesar de querer muito, isso a assustava. Já haviam  se passado muitos anos desde seu divórcio mas alguns episódios ocorridos ainda interferiam nas suas atitudes, um passado que deixou  muitos traumas e que a impediam de prosseguir. Palavras cruéis haviam sido lançadas e ainda ressoavam na sua mente, colocando em dúvida suas habilidades nos relacionamentos. Mas naquela noite prometeu a si mesma que se libertaria de tudo isso, pois sentia que ele seria a pessoa certa.
Eles se encontraram num belo lugar, um hotel escondido entre muitas árvores, romântico e inspirador, onde ficaram conversando por um tempo, se olhando, meio sem jeito, como dois adolescentes, descobrindo o novo. Começaram a se abraçar, os beijos vieram logo em seguida, ficando cada vez mais intensos e quando deram por si já estavam se despindo com um completo desespero, como se suas vidas dependessem disso. Ele a levou para cama e começou a percorrer seu corpo com a boca quente e sedenta, parando nos seus seios que pareciam tê-lo encantado, se demorou ali por um tempo como se tivesse a intenção de enlouquecê-la, ao perceber sua urgência foi descendo aos poucos, parando entre suas pernas que já se encontravam abertas, como que suplicando para que ele permanecesse ali. Seu coração já estava disparado, sua boca seca e a respiração ofegante. Céus! Não se lembrava como era sentir tudo isso ao mesmo tempo e com tanta intensidade, não podia esperar nem mais um minuto, precisava dele dentro dela e como alguém que pede por socorro, sussurrou no seu ouvido, implorando para que ele a possuísse rápido e com urgência ele obedeceu, com uma sintonia perfeita os dois se fundiram num só, um ritmo acelerado, os corações se tocando disparados, pareciam que iam sair pela boca, na intenção de impedir que isso pudesse acontecer eles se beijaram.
Aos poucos os batimentos cardíacos foram se normalizando. Eles ali, jogados, abraçados, suados e sorrindo, sem precisar dizer uma só palavra falaram tudo um para o outro ao se olharem, entenderam que aquele momento seria para sempre único e acontecesse o que for ninguém poderia tirar isso dos dois, nem o tempo, nem os traumas e o mais importante, nem mesmo eles.


Quando sua mente tenta te enlouquecer

São tantos pensamentos que povoam minha mente que às vezes acho que vou enlouquecer. Eles insistem em permanecer aqui como uma visita incoveniente que nunca sabe a hora de ir embora. Não importa se é de madrugada, manhã, tarde ou noite. Eles não são dependentes do tempo. Acho até que eles o controlam a sua maneira, me fazendo perder completamente a noção das horas.
Quanto mais tento não pensar, mais penso. Quanto mais tento desviar do assunto, mais ele me atormenta. Vem com detalhes, cada vez mais elaborados, acrescentando algo que havia passado despercebido.
Histórias mirabolantes se formam, com início, meio e fim, em questão de minutos.
As emoções são tão reais que  me pego sorrindo ou chorando, ou as duas coisas ao mesmo tempo.
É a mente tentando explicar o que não se explicou, tentando encontrar justificativas para o que não deu certo, tentando achar uma saída para aquilo que não teve solução. 
Como isso é cansativo, como e difícil lutar contra ela, como é difícil administrar esse turbilhão de pensamentos que insistem em permanecer aqui.
Me pego brigando comigo mesma nessas horas, mas nem sempre ganho as batalhas.
Hoje foi um dia muito barulhento aqui dentro, muito mesmo, apesar do meu silêncio. Na tentativa de escutar melhor o que se passava, me perdi em alguns momentos em mim. Agora a noite meu corpo está exausto, tenho a sensação de ter apanhado de mim mesma. Meus batimentos cardíacos estão acelerados, minha respiração está cansada e meus olhos pesados.
Sentei-me na cama e comecei a escrever, para esvaziar um pouco do que está preso aqui, na intenção de conseguir dormir, coisa que não consigo há algum tempo. Virei amiga das madrugadas, eu as observo com muita frequência. O silêncio assustador que penetra nas paredes da casa, contrastando com o turbilhão aqui dentro de mim. Pra piorar (ou melhorar, sei lá) a chuva cai, lenta, gota a gota, posso ouvi-la escorrer pelo telhado. Uma goteira me tira a atenção, me vejo livre dos pensamentos... Alarme falso, foi só por uns segundos.
Agora estou pensando em como a chuva deve se sentir... Gosto dela, gosto de me molhar nela, faço isso sempre que posso. Penso agora que ela sabe disso, que percebe como ela tem o poder de me trazer alívio e de conseguir me trazer de volta a realidade com a sensação de frio que me proporciona após nosso contato. Ela se vai rápida como veio. Nos despedimos.
Penso que não queria pensar tanto... Não sentir tanto, tudo, com tanta intensidade... Às vezes...
Respiro fundo, inspiro, solto, de novo e de novo e de novo...
Penso tanto até quando consigo dormir, penso nos sonhos, as histórias continuam ali, mais mirabolantes ainda, acho até que dariam um livro, não muito fácil de entender. Seria complicado até para definir o gênero, pois seria uma mistura de romance, tragédia, aventura, ficção, terror.
Mas penso que os próximos capítulos dessa história surgirão daqui, dessa confusão toda que se passa no universo da minha mente.
Sei que existem alguns malucos por aí como eu que vão se identificar um pouco com tudo isso. Se você é um desses te convido a embarcar nessa viagem comigo, você aceita? Espero que sim, vai ser muito bom ter sua companhia! Então... Aguarde os próximos capítulos!