Redescobrindo o prazer

Parecia mais um dia comum, ela se levantou abraçou sua cadela, abriu a porta, subiu as escadas que davam acesso à casa da sua mãe, recebeu um caloroso bom dia e retribuiu com um longo beijo na testa, como era de costume, sentou-se à mesa para tomarem o café, como faziam todos os dias. Voltou para casa se arrumou e foi trabalhar. Ia caminhando mesmo, era perto, a caminhada a ajudava a acabar de despertar.
Iniciou sua jornada, que seria longa, com muitos papéis sobre a mesa para serem analisados e resolvidos. Respirou fundo e começou, já estava acostumada com a rotina e acabava fazendo tudo como se estivesse no automático, agia assim nas outras áreas da sua vida também. Talvez por esse motivo nem percebia quando algo novo aparecia, quando alguém se aproximava com algum interesse, tudo se tornara comum e ninguém conseguia despertar nela sentimento contrário. Havia tido  muitas experiências ruins no passado e preferia evitar contatos físicos, na intenção de se proteger.
Ela nem imaginava, mas aquela tarde seria diferente, algo mudaria totalmente o rumo da sua vida.
Foi durante o intervalo para o café, que era um momento de descontração, como um oásis no deserto, onde se reunia com os amigos para jogarem conversa fora por alguns minutos e rirem uns dos outros. Nem percebeu que há alguns dias já estava sendo observada em silêncio por alguém que estava prestando serviços ali. Durante as brincadeiras houve um momento onde a perguntaram se haveria algum pretendente e se recebia muitos telefonemas, ela disse que normalmente ninguém ligava e foi quando inesperadamente ouviu-o quebrar o silêncio e dizer: "Talvez por você não passar o número" e ele aproveitou o momento para pedi-lo. Ela ficou sem reação, meio que paralisada e acabou sendo socorrida pelo amigo que se prontificou a responder.
O telefone tocou no sábado à noite, era ele convidando-a para um encontro no domingo.
O passeio foi agradável, durou toda a manhã numa bela serra, seguido de uma visita  a uma cachoeira. O tipo de lugar que ela amava, ficou impressionada como ele acertara em cheio. Foi um perfeito cavalheiro, respeitando seus limites e apesar de dizer que queria muito beijá-la, disse que esperaria o tempo que fosse preciso.
Os próximos dias foram de encontros rápidos pelos corredores, com olhares, sorrisos e toques nas mãos discretos.
O fim de semana chegou e com ele uma grande ansiedade para reencontrá-lo. Se arrumou como há muito tempo não fazia, estava bela e esperava que ele notasse. Ele chegou no horário marcado, fez muitos elogios, o que a deixou mais a vontade. O plano era irem ao cinema, mas não deu muito certo e acabaram só caminhando pelo Shopping mesmo, onde comeram algo e conversaram bastante. Em meio a conversa surge o primeiro beijo, tímido, como alguém que só quer deixar um recado de que tem muito mais para oferecer. Foram embora e na despedida ele tomou coragem, puxou-a para junto de si, beijando-a várias vezes com uma intensidade que a fez perder o fôlego. Ela saiu do carro meio sem rumo, com as pernas bambas, estava com dificuldades até para abrir o portão. Ela não conseguiu dormir naquela noite!
Nos dias que se seguiram conversaram bastante por telefone, estava ansiosa para reencontrá-lo , mas insegura, pois sabia o que aconteceria quando se vissem, era inevitável e apesar de querer muito, isso a assustava. Já haviam  se passado muitos anos desde seu divórcio mas alguns episódios ocorridos ainda interferiam nas suas atitudes, um passado que deixou  muitos traumas e que a impediam de prosseguir. Palavras cruéis haviam sido lançadas e ainda ressoavam na sua mente, colocando em dúvida suas habilidades nos relacionamentos. Mas naquela noite prometeu a si mesma que se libertaria de tudo isso, pois sentia que ele seria a pessoa certa.
Eles se encontraram num belo lugar, um hotel escondido entre muitas árvores, romântico e inspirador, onde ficaram conversando por um tempo, se olhando, meio sem jeito, como dois adolescentes, descobrindo o novo. Começaram a se abraçar, os beijos vieram logo em seguida, ficando cada vez mais intensos e quando deram por si já estavam se despindo com um completo desespero, como se suas vidas dependessem disso. Ele a levou para cama e começou a percorrer seu corpo com a boca quente e sedenta, parando nos seus seios que pareciam tê-lo encantado, se demorou ali por um tempo como se tivesse a intenção de enlouquecê-la, ao perceber sua urgência foi descendo aos poucos, parando entre suas pernas que já se encontravam abertas, como que suplicando para que ele permanecesse ali. Seu coração já estava disparado, sua boca seca e a respiração ofegante. Céus! Não se lembrava como era sentir tudo isso ao mesmo tempo e com tanta intensidade, não podia esperar nem mais um minuto, precisava dele dentro dela e como alguém que pede por socorro, sussurrou no seu ouvido, implorando para que ele a possuísse rápido e com urgência ele obedeceu, com uma sintonia perfeita os dois se fundiram num só, um ritmo acelerado, os corações se tocando disparados, pareciam que iam sair pela boca, na intenção de impedir que isso pudesse acontecer eles se beijaram.
Aos poucos os batimentos cardíacos foram se normalizando. Eles ali, jogados, abraçados, suados e sorrindo, sem precisar dizer uma só palavra falaram tudo um para o outro ao se olharem, entenderam que aquele momento seria para sempre único e acontecesse o que for ninguém poderia tirar isso dos dois, nem o tempo, nem os traumas e o mais importante, nem mesmo eles.


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