Como Girassóis e Barba de Velho

A natureza pode nos ensinar muitas coisas, basta pararmos por alguns instantes e observá-la com mais atenção.
Vou relatar aqui dois exemplos disso: onde moro não tenho muito espaço para plantar, na verdade só tenho um pequeno vão entre minha casa e o muro dos fundos, onde resolvi cultivar algumas sementes de Girassol.
Não tive muito sucesso na primeira tentativa, quando estavam começando a crescer foram atacadas por formigas e infelizmente não sobreviveram. Na segunda vez cresceram bem mais que a primeira, mas a terra estava fraca e elas também não conseguiram ir adiante. Estou agora na terceira tentativa, após fortalecer a terra com um preparo orgânico. Elas já alcançaram um porte maior e estão lutando bravamente contra todas as diversidades, do tempo, do pouco espaço, dos ataques das formigas, dos besouros, dos pássaros e até dos gatos e cães que tenho aqui.
Se você conhece um pé de Girassol deve saber que quando são bem jovens, são bem sensíveis, seu caule se quebra com facilidade e necessita de algumas escoras para conseguir se manter de pé. Os meus estão nessa fase. Mas permanecem lutando bravamente sem temer as circunstâncias a sua volta.
Gosto de imaginar que eles só pensam em continuar firmes pra chegar ao seu objetivo... florir. Que esse é o sentido e que vale todo esforço e tanta insistência em continuar lutando.
O outro exemplo que vou dar é de um tipo de Bromélia, conhecida como Barba de Velho. Ela fica suspensa aqui no muro da minha casa, solta, sem necessitar de terra pra sobreviver. A única coisa que preciso fazer é jogar um pouco de água nela de vez em quando. Ela é livre! E eu acho isso simplesmente incrível! Admiro sua capacidade de sobrevivência, seu modo tão peculiar.
O que aprendo com isso? Muita coisa!
Com o Girassol aprendo a não desistir, independente de tudo que me ataca, que tenta sugar as minhas forças, aprendo também que seu eu for humilde bastante pra aceitar ajuda, sempre haverá alguém por perto que poderá ser meu "suporte" pra me ajudar a ficar de pé, até o momento que poderei fazer isso sozinha e alcançar meu objetivo.
Com a Barba de Velho aprendo que posso ser "diferente" e que isso pode ser bom. Que ser diferente pode me ajudar a sobreviver ao inesperado, a me adaptar ao improvável. Mas me ensina também que minha diferença pode assustar as pessoas e até afastá-las de mim e que a culpa disso não é minha e nem delas, simplesmente ainda não estão prontas pra entender isso. Quantas vezes acabava me punindo por achar que meu jeito afastava as pessoas, que tinha alguma coisa de errada comigo e precisei que uma planta me ensinasse que não é bem assim.
Existem pessoas que tem uma necessidade extrema de liberdade, de não se prender a paradigmas, de se sentirem soltas e podem sofrer rejeição por parte de quem não compreende isso muito bem.
Aprendo também que quando me sentir fraca preciso parar e tomar um "gole d'água" pra continuar. Cada um sabe de quantos goles precisa, uns mais, uns menos. O importante é não desistir por ser diferente e não se sentir culpado por não ser compreendido, em muitos momentos ninguém vai nos entender mesmo e precisamos estar prontos pra isso.
Saber que é preciso continuar crescendo, indo na direção que escolhemos e estar prontos pra lidar com as consequências dessas escolhas e isso na verdade pode ser o nosso grande desafio!
E aí você é um Girassol ou uma Barba de Velho? Eu descobri que sou uma mistura dos dois... uma híbrida...rsrs

 

4 comentários:

  1. Texto magnífico, a força da persistência associada as nossas singularidades nos torna quem somos: híbridos da nossa própria essência. Parabéns pelas palavras.

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    1. Obrigada mano, por ser meu suporte tantas vezes na vida! Te amo!

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  2. Também sinto assim....que meu jeito assusta algumas pessoas; mas outras vai amar.

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