Violência

Uma simples palavra pode carregar um enorme peso e tem o poder de nos remeter a situações que observamos ou experimentamos na carne.
Violência... pode-se observar a força dessa palavra pelo simples som que ela produz ao ser pronunciada.
Em toda história podemos ver casos de extrema violência que nos deixam transtornados e envergonhados de pertencermos a raça humana. Procuramos entender e até mesmo justificar alguns, como se assim pudéssemos amenizar as tragédias que nos cercam. Ou seguimos outro extremo ao nos acostumarmos cada vez mais com a violência, como se fosse a melhor solução. Não nos abalamos mais, com a alegação de já ter visto algo ainda pior. Como se houvesse uma escala de zero a dez criada em nossa mente e a todo custo evitamos subir o grau cinco, na intenção de conseguirmos nos ajustar a situação.
Acostumados a isso fazemos algo terrível, permitimos que outros cometam violência contra nós, seja verbal, moral ou até mesmo física. Achamos normal e aceitamos situações de humilhação. Procuramos justificar de várias formas e em alguns casos nos culpamos e por isso continuamos permitindo que isso aconteça. 
Mas existe algo ainda pior e mais grave; é a violência que cometemos contra nós mesmos. Quando nos julgamos, nos condenamos, nos sentenciamos a desistir de algumas coisas, como lutar, falar, pensar. Quando permitimos que o medo e as decepções nos afastem de tudo e de todos, quando não confiamos mais em nós e nos outros. Quando nos afastamos, nos excluímos e nos isolamos. Quando alimentamos sentimentos de frustração e solidão. Quando perdemos o interesse pelos outros, Enfim, quando desistimos de nós. Essa sim é a pior violência, pois somos nós mesmos que cometemos e por isso é a mais difícil de ser vencida,  pelo fato de depender de si e não do outro.
Temos o hábito de culpar o outro pelas coisas ruins que nos acontecem, isso porque é mais fácil aceitar que o meu fracasso não dependeu de mim e sim de terceiros. É por esse motivo que quando eu mesmo sou o causador da violência ela é tão terrível e assustadora, pois tenho que admitir meus erros.
O processo de libertação para isso é doloroso porque depende que  olhemos pra dentro de nós e olhar pra dentro assusta. Quando olhamos pra dentro vemos sangue, somos obrigados a encarar a vida gritando em nós implorando uma reação de nossa parte. Pra quem não quer mais lutar isso machuca porque reagir vai demandar esforço. Percebendo isso temos duas opções, escutar a voz que clama por vida e reagirmos ou nos entregarmos de vez e continuarmos nos violentando até não sobrar mais vida nenhuma em nós.
O sangue fala dentro de nós, na verdade ele grita, precisamos ouvi-lo. Precisamos lutar contra a violência externa sim, mas lutarmos ainda mais contra a violência que cometemos a nós mesmos. Precisamos nos conhecer melhor para discernir momentos de guerra interior e nos fortalecermos para essa guerra tão devastadora.
O importante é sabermos que não estamos sozinhos nisso, por mais que possa parecer. Da mesma forma que nosso sangue grita, existe um sangue mais valioso que foi derramado na cruz pelo nosso resgate, se pararmos um pouco conseguiremos ouvir o seu grito nos chamando pra vida! Então se faça um favor "reaja" e viva!





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