O poder curativo do amor

O Ser humano possui em sua essência uma necessidade de adorar. Em todas as culturas observamos isso. Existem inúmeras religiões das mais variadas possíveis, algumas mais radicais que as outras.

A religião deveria ter a função de unir os povos, mas na verdade o que vemos é algo bem diferente disso. Na ânsia de se provar que uma é melhor e mais correta que a outra, se cometem absurdos em nome de Deus, homens se tornam na verdade deuses, juízes e carrascos. 

Quantas tragédias são provocadas ao longo da história para se impor uma ideologia, vidas sendo dizimadas, resultando cada vez mais na geração de seres humanos desumanos, cheios de ódio, desejo de vingança, psicopatas em potencial.

Não sou contra a religião, muito menos estou aqui para criticar essa ou aquela, sou contra pessoas usarem o nome de Deus para espalhar a discórdia, criar divisões, preconceitos, ódio.

Frequento uma igreja, sou cristã, o que leio e aprendo na bíblia é bem diferente disso, Jesus pregou o amor por onde ele passou, curou enfermos, libertou pessoas endemoniadas, multiplicou  alimentos, ressuscitou mortos, evitou o apedrejamento da mulher adúltera, conviveu com pessoas que eram rejeitadas por serem vítimas de todo tipo de preconceito.

Não que eu esteja defendendo a minha religião, mas sinceramente, quando observo o nosso planeta e todo o universo em si, não consigo crer em um Deus diferente disso, um Deus que ama e cuida, um Deus que pensou em tudo para que tudo funcionasse de forma excepcional.

Por esse motivo gostaria de  compartilhar uma experiência que vivi esse fim de semana. Visitei uma igreja que estava tendo um culto com uma programação especial, onde se reuniram pessoas de várias localidades. Como em todo culto foram cantados vários louvores, apresentação de coreografia pregação da palavra , comunhão entre as pessoas, tudo bem comum em um culto. Mas em meio a tudo isso teve uma coisa  que realmente tocou de forma especial o meu coração e me mostrou a presença de Deus mais palpável  naquele lugar, algo bem diferente , algo profundo, talvez pelo fato de ser tão simples mas ao mesmo tempo tão raro. Se trata de uma garotinha de cinco anos, que estava acompanhada dos avós, a pequena Giulia (não é Júlia, tem que ser falado com som de "D", como ela fez questão de frisar).

Como a igreja estava muito cheia fiquei próximo a porta, em pé, encostada no último banco e essa garotinha estava sentada nele, quando me aproximei ela que estava abraçando a avó, se levantou e mesmo nunca tendo me visto, me abraçou com uma espontaneidade tão grande que me surpreendeu, detalhe, "normalmente as crianças não se aproximam muito de mim", confesso que tenho uma certa dificuldade de lidar com elas, eu diria que sou meio sem sal e isso piorou muito depois que perdi minha filha caçula.

Ela começou a conversar comigo como se fossemos grandes amigas e a todo tempo me abraçava e ficava brincando com as pedrinhas que compunham minha roupa. No início fiquei constrangida, mas o amor que emanava dela era tão puro e sincero que me conquistou e conseguiu acalmar meu coração que confesso andava inquieto. Ela abraçava a mim, aos avos e de repente num piscar de olhos estava abraçando um cachorrinho que apareceu na porta da igreja também, não tinha preconceito em seu coraçãozinho, só vida e alegria emanando por todos os poros.

Naquele momento pensei:  É assim que temos que entender o amor de Deus e o que ele tenta nos ensinar. Porque resistimos tanto? Entender que Ele se apresenta no amor puro de uma criança que acolhe, abraça, fala com quem se dispõe a ouvir,  acalma os corações. Isso não deveria ser tão difícil de ser compreendido!
Certa vez escutei uma frase em um filme que me fez pensar muito: "Não deveria ser tão difícil tocar as pessoas que amamos." Porque será que as nossas reações acabam dizendo o contrário disso?
Perdemos tempo demais com coisas de menos e com isso perdemos o que a vida tem de melhor pra nos dar.

Aquele abraço sincero me mostrou o sentido  e a necessidade do amor em sua mais simples forma. O amor é isso: simples... e tudo que passar disso é vaidade, como diria o sábio Salomão, tudo vaidade...