Tempestade de alma

Lá fora a chuva cai... forte, sem pressa de ir embora, quer passar a noite comigo.
Apesar de estarmos separadas pelas paredes e pelo teto, posso sentir e ouvir cada gota que cai.
Insiste em escorrer pelo telhado, desesperada, procura uma brecha querendo entrar, é insistente e por isso acaba encontrando.
Uma goteira começa a cair sobre os meus pés que repousam sobre a cama. Sinto o frio percorrer o meu corpo e me trazer de volta.
Olho para o teto, tenho a impressão que ele chora comigo. Não consigo mover os pés, tenho a sensação que eles querem continuar ali, como se tivessem vontade própria.
As gotas agora aumentaram e já não são só os meus pés, mas minhas mãos também estão lá. Começo a contar as gotas que caem, uma a uma. O ritmo é perfeito, bela sintonia, a chuva e o meu corpo.
Resolvo atender o seu pedido, que anseia por minha companhia. Saio para fora, deixo as paredes e o teto. Ela me recebe com intensidade, aumenta o ritmo, me lava a alma.
Meu coração que estava acelerado, agora parece normalizar. Aquieta-se dentro do peito, não quer mais sair.
Fico ali por algum tempo. Ela começa a diminuir, resolve ir embora, decide que já é suficiente. Leva consigo a tempestade, não só a dela, mas a que estava aqui "dentro"...  dentro de mim!


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